Agricultura Natural

O Relatório Planeta Vivo 2000, do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), revelou que os ecossistemas do Planeta estão sendo destruídos. As florestas e os mananciais de água doce e marinha sofreram redução de 1/3 a partir de 1970. As práticas insustentáveis de exploração dos recursos naturais comprometeram o meio ambiente de forma generalizada. Conforme apontou o relatório, as conseqüências se concretizam no efeito estufa e seus reflexos, na contaminação de solos e de mananciais hídricos, alimentos e seres humanos por agrotóxicos e outros produtos químicos.

O método da Agricultura Natural foi idealizado por Meishu-Sama (1882-1955), como alternativa para os problemas decorrentes da prática da agricultura convencional.

Ao analisar o método agrícola convencional, Meishu-Sama manifestou uma profunda preocupação com o emprego excessivo de agroquímicos no solo. Como solução, indicou a aplicação de um método agrícola sustentável, que preservasse o meio ambiente e promovesse a saúde, oferecendo alimentos puros e saborosos.

O uso de agroquímicos foi difundido e intensificado como prática convencional a partir da Primeira Grande Guerra Mundial, época em que a escassez de alimentos impulsionou a produção agrícola em larga escala e em tempo acelerado, o que promoveu um impacto ambiental devastador.

A aplicação de agroquímicos no solo altera seu ciclo natural e causa desequilíbrio biológico em função da eliminação de microrganismos fundamentais ao desenvolvimento das plantas que, com suas características modificadas, tornam-se dependentes dos produtos químicos.

Mokiti Okada alertou para a necessidade de uma avaliação cuidadosa sobre os "bons resultados" obtidos pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, que têm caráter passageiro e acarretam graves conseqüências ao meio ambiente. A impregnação de resíduos químicos nos alimentos, a alteração do verdadeiro sabor dos mesmos, o comprometimento da saúde do lavrador, que manipula tais produtos, e do consumidor, além da contaminação de mananciais, leitos de rios, lençóis freáticos, enfim da ampla degradação ambiental que afeta toda a cadeia alimentar.

Observador dos princípios da Natureza, Meishu-Sama criou, na década de 1930, o método da Agricultura Natural para resgatar a pureza do solo e dos alimentos e preservar a diversidade e o equilíbrio biológico. Essa prática agrícola, desenvolvida com respeito ao meio ambiente, resguarda a qualidade das águas e contribui para a elevação da qualidade da vida humana.

O método privilegia a força intrínseca do solo, cuja qualidade é fator primordial para a obtenção de boas colheitas. Segundo esse princípio, a fertilização do solo consiste no fortalecimento de sua energia natural. Para isso, basta torná-lo puro e limpo. Quanto mais puro é o solo, maior é a sua força para o desenvolvimento das plantas. Diferentemente dos métodos convencional e orgânico, o método da Agricultura Natural não emprega produtos químicos ou esterco animal, e sim faz uso de compostos vegetais, que conservam a pureza do solo e permitem a reciclagem dos nutrientes para o desenvolvimento das plantas.

Além dos aspectos que envolvem saúde e ecologia, o método de cultivo natural tem claras implicações econômicas e sociais.
A crise provocada pelo método convencional de produção - intensificada após o surgimento de efeitos como a doença da "Vaca Louca" e das "Superbactérias" - tem impulsionado o crescimento da demanda por produtos orgânicos mais confiáveis. Especialmente na Europa e nos Estados Unidos, que sofreram diretamente esses efeitos, a agricultura orgânica vem apresentando um crescimento expressivo.